Neoplasia é um crescimento anormal das células, comumente chamado de tumor. Trofoblasto é a parede externa do embrião humano que forma posteriormente a camada superficial da placenta. As Neoplasias Trofoblasticas Gestacionais são tumores originários do trofoblasto.
As neoplasias trofoblásticas gestacionais (NTGs) dividem-se em 4 tipos. O primeiro tipo é benigno, a mola hidatiforme. E os 3 demais tipos são malignos, a mola invasora, o coriocarcinoma e o tumor trofoblastico de localização placentária.
Mola Hidatiforme:
A mola hidatiforme ocorre em aproximadamente 1 em cada 1.500 gestações nos EUA (tendo, porém, uma incidência bem maior na Ásia e no 3º mundo), sendo encontrada em aproximadamente 1 em cada 600 abortos. Esta divide-se em mola hidatiforme completa (75% dos casos) e parcial ou incompleta (25% dos casos). As molas são mais comuns em gestantes muito jovens ou em idade avançada.
Acredita-se que a mola completa se origina da fecundação de um óvulo que perdeu seu núcleo ou seus cromossomos por um espermatozóide, ou em casos menos comuns, por dois espermatozóides. No primeiro caso o espermatozóide duplica seu próprio DNA. A gravidez não possui embrião.
Já a mola parcial na maioria dos casos origina-se da fertilização de um óvulo normal por dois espermatozóides ou mais. Possui feto, mas este quase sempre tem diversas anomalias incompatíveis com a vida.
Os sintomas são sangramentos que aumentam a cada ocorrência de hemorragia, com corrimento amarelado entre as hemorragias e útero excessivamente grande e mole. Os valores do Beta-HCG são demasiadamente altos para a semana gestacional. Não existem batimentos cardíacos, e na ultrassonografia o aspecto é de vesículas ou cachos de uva.
Em 80% dos casos a evolução é benigna, sendo que em 20% torna-se maligno. 18% tornam-se mola invasora e 2% coriocarcinoma (apenas ocorre em mola completa, sendo raro na parcial).
O tratamento é com curetagem a vácuo-aspiração, geralmente após este procedimento realiza-se estimulação com ocitocina e raspagem. O material é enviado para biópsia a fim de confirmar o diagnóstico. Se a mulher tiver idade avançada e não desejar mais engravidar pode-se considerar a histerectomia para afastar o risco de coriocarcinoma.
Mola Invasora:
Ocorre em 1 a cada 12.500 gestações. Origina-se de uma mola hidatiforme que se malignizou, penetrando no útero ou sendo encontrada em lugares distantes (metástase), mas mantendo a estrutura vilositária (diferentemente do coriocarcinoma). Alguns dos sintomas são o teste de gravidez Beta-HCG permanecendo alto ou em crescimento por 2 ou 3 semanas consecutivas após a curetagem, ou por sangramentos persistentes após curetagens, útero grande demais e mole, cistos tecaluteínicos, sendo a incidência deste tipo de mola maior com idade materna avançada ou segunda gravidez molar, entre outros. O tratamento é com quimioterapia quase sempre obtendo ótimos resultados especialmente quando não há metástase, preservando a fertilidade. Outros acompanhamentos são necessários como RX, tomografia computadorizada e ultrassonografias de outros órgãos devido ao risco de metástase. A mortalidade por mola invasora é muito rara.
Coriocarcinoma:
Ocorre em 1 a cada 40 mil gravidezes aproximadamente. É uma transformação maligna após qualquer tipo de gravidez, ocorrendo nessa ordem de incidência, mola hidatiforme especialmente a mola completa (50% dos casos), aborto (25%), gravidez normal (22%) ou gravidez ectópica (3%). Alguns dos sintomas são valores do Beta-HCG muito altos e que não se negativam mesmo após curetagem necessitando repeti-las, sangramentos persistentes, útero grande demais, entre outros. A idade avançada aumenta a incidência. A metástase trás sintomas específicos de acordo com o órgão afetado. A confirmação do Coriocarcinoma é através de biópsia e o tratamento é com múltiplos agentes quimioterápicos, sendo a forma mais grave de NTG.
Tumor trofoblastico de sítio placentário:
É raro, também pode apresentar malignidade, porém, geralmente cura-se com a curetagem.
Algumas Considerações:
Algumas considerações interessantes em qualquer gravidez, ainda que não haja suspeita de mola. É útil realizar a ultrassonografia com 7 semanas para detectar os batimentos cardíacos, local da implantação e aspecto geral. Sintomas como sangramentos que não cessam, dores, útero excessivamente grande para a idade gestacional e mole, valores do Beta excessivamente altos para a semana de gravidez devem ser observados. Em caso de aborto deve haver um acompanhamento dos valores do Beta-HCG até que se negativem. Alguns especialistas em reprodução também recomendam a realização da histeroscopia diagnóstica após aborto.